A falta de vitamina D está mais relacionada a fatores de estilo de vida, exposição ao sol e dieta, no entanto não podemos descartar a questões genética. Para evitar essa carência, é importante buscar a exposição solar adequada, manter uma dieta equilibrada e, se necessário, considerar a suplementação de vitamina D sob orientação de um profissional capacitado.
A vitamina D é crucial para a saúde óssea, função muscular, saúde cardiovascular, função do sistema imunológico, além de estar envolvida em muitos outros processos biológicos importantes.
Fatores de risco
– Exposição solar limitada: A vitamina D é chamada de “vitamina do sol”, pois nosso corpo a produz quando a pele é exposta à luz solar. Embora Portugal tenha um clima bastante ensolarado, muitas pessoas passam muito tempo em ambientes fechados e/ou usam protetor solar, o que reduz a produção natural de vitamina D.
– Estilo de vida moderno: Com o aumento das atividades indoor, trabalho em escritórios e uso excessivo de dispositivos eletrônicos, as pessoas podem não receber exposição suficiente à luz solar, mesmo em um país com bom clima.
– Vestuário: O uso de roupas que cobrem grande parte do corpo, especialmente durante os meses mais frios, também vai limitar a exposição ao sol e afetar a produção de vitamina D.
– Dieta pobre em vitamina D: Alimentos fontes de vitamina D, como peixes gordos e gema de ovo, podem não fazer parte da dieta diária de muitas pessoas (por intolerância/ escolha/ preferência) em quantidade suficiente.
Grupos de risco:
- Idosos: Com o avanço da idade, a capacidade da pele de sintetizar vitamina D a partir da exposição ao sol pode diminuir. Além disso, muitos idosos podem ter mobilidade reduzida ou passar mais tempo em ambientes fechados, o que limita ainda mais a exposição solar. Uma deficiência de vitamina D em idosos está associada a um maior risco de osteoporose, quedas e fracturas ósseas, além de outros problemas de saúde.
- Pessoas com pele mais escura: A melanina, pigmento responsável pela cor da pele, pode reduzir a capacidade da pele de produzir vitamina D em resposta à exposição solar. Isso significa que pessoas com pele mais escura podem precisar de mais tempo ao sol para obter a mesma quantidade de vitamina D que pessoas com pele mais clara. Como resultado, eles estão em maior risco de deficiência de vitamina D, especialmente em regiões com menor intensidade de luz solar.
- Indivíduos com certas condições médicas (doença intestinais inflamatórias como Crohn, colite ulcerativa…; doenças renais; obesidade; distúrbios endócrinos; cirurgia bariátrica) podem ter um risco maior de deficiência de vitamina D.
- Uso de medicamentos: Alguns medicamentos, como corticosteroides, anticonvulsivantes e alguns medicamentos para o tratamento do HIV, podem interferir no metabolismo da vitamina D e levar à sua deficiência.
- Fatores genéticos existem fatores genéticos que podem influenciar a absorção ou assimilação da vitamina D. Algumas pessoas podem ter variações genéticas que afetam a produção de enzimas responsáveis pela conversão da vitamina D em sua forma ativa no organismo. Essas variações genéticas podem levar a uma menor eficiência na utilização da vitamina D, o que pode contribuir para uma deficiência desse nutriente. Ainda assim, é importante ressaltar que, mesmo com fatores genéticos, os hábitos de vida, dieta e exposição solar continuam sendo elementos significativos na prevenção e tratamento da deficiência de vitamina D.
Como melhorar a absorção de vitamina D?
– Exposição solar adequada: A principal fonte de vitamina D é a exposição à luz solar. Passa algum tempo ao ar livre e expõe uma boa área da tua pele ao sol (pernas e tronco). A quantidade de exposição necessária varia de acordo com a localização geográfica, a época do ano, a cor da pele e outros fatores… mas diria que entre 10-20 minutos diários entre as 10H-14H será o suficiente (atenção que uma exposição prolongada ao sol neste horário acarreta riscos). Evita usar protetor solar nos curtos períodos de exposição ao sol, pois o protetor solar pode bloquear a produção de vitamina D.
– Alimentação adequada: Embora seja difícil obter toda a vitamina D de alimentos, é útil consumir alimentos ricos nesse nutriente. Algumas boas fontes incluem peixes gordos, gema de ovo e alimentos fortificados, como bebidas vegetais, levedura nutricional e cereais.
– Suplementação: Em alguns casos, quando a exposição ao sol e a dieta não são suficientes para alcançar níveis adequados de vitamina D (sabe-se através da realização de exames de sangue para medir os níveis), um profissional de saúde capacitado pode prescrever suplementos de vitamina D. As formas principais de suplementação são o colecalciferol (vitamina D3) e o ergocalciferol (vitamina D2), eu gosto especialmente de prescrever Vitamina D3 junto a uma fonte de gordura (lembrando que a vitamina D é uma vitamina lipossolúvel e necessita de um veículo oleoso para uma correta absorção) como uma refeição com azeite, ou frutos secos oleaginosos…;
Nota: É fundamental que qualquer decisão sobre a suplementação de vitamina D seja tomada em consulta. Evita a super dosagem de vitamina D, pois níveis excessivos também podem ser prejudiciais à saúde (falo de níveis excessivos séricos e não da dosagem do suplemento, pois em alguns casos suplementar megadose de vitamina D é uma boa estratégia).
– Melhora a absorção de cálcio: A vitamina D desempenha um papel essencial na absorção de cálcio pelo organismo. Certifica-te de ter uma dieta equilibrada e rica em cálcio para maximizar a absorção desse mineral essencial.
Em conclusão, a vitamina D é essencial para a saúde, desempenhando um papel crucial em várias funções do organismo. Mas a verdade é que é muito comum verificar nas análises dos meus pacientes carência de vitamina D que pode ser atribuída a uma combinação de fatores.
Apesar da exposição solar adequada ser uma das principais formas de aumentar os níveis de vitamina D, o estilo de vida, profissão e horário laboral acaba por impossibilitar uma exposição solar adequada na grande maioria deles.
É fundamental buscar um equilíbrio, até porque a exposição à luz natural, contato com o exterior acarreta uma outra serie de benefícios para a saúde, qualidade de vida e bem-estar geral, como já descritos em artigos anteriores, mas realisticamente no que toca à vitamina D a opção mais viável passa muitas vezes pela suplementação
Até ao próximo artigo,
Sónia Dias Nutri