A tiroide tem um papel muito importante na regulação de vários processos metabólicos como o metabolismo dos lípidos e hidratos de carbono, regulação da temperatura corporal e frequência cardíaca. O bom funcionamento da tiroide tem um grande efeito na saúde pois as suas hormonas atuam praticamente em todos os órgãos, tecidos e células do corpo.
– Saúde óssea;
– Saúde cardiovascular;
– Saúde do fígado;
– Saúde cerebral;
– Manutenção do peso corporal;
A tiroide é uma pequena glândula em formato de borboleta, responsável pela produção de hormonas como a tiroxina (T4), tri-iodotiroxina (T3), T3 reservo e calcitonina.
O controlo das suas funções é realizado pelo hipotálamo, pela hormona TRH e pela hipófise que secreta a hormona TSH.
O que pode levar à disfunção da tiroide?
– Deficiências nutricionais;
– Aumento de proteínas de ligação da tiroide;
– Conversão aumentada de T3;
– Conversão diminuída de T4 para T3;
– Condição autoimune;
– Alterações no eixo HHT (eixo hipotálamo-hipófise-tiroide);
As alterações nas glândulas da tiroide são das doenças endócrinas mais comuns, podendo ser genéticas ou adquiridas, e a sua duração pode ser transitória ou permanente:
- Cancro da tiroide;
- Hipertiroidismo: função excessiva da tiroide, se não tratado pode levar a insuficiência cardíaca congestiva e osteoporose. Maior incidência nas mulheres;
Sintomas: intolerância ao calor, aumento da sudorese, perda de massa corporal, alterações do apetite, evacuações frequentes, fadiga e fraqueza muscular, distúrbios menstruais, transtornos de sono e mentais, tremores, aumento da tiroide, exoftalmia…;
Causas: 20% – 30% fatores genéticos, stress, tabagismo, ingestão excessiva de iodeto, esteroides e toxinas;
- Tiroidite de Hashimoto: inflamação aguda ou crônica da tiroide. Na aguda os níveis de T3, T4 e TSH costumam estar normais, enquanto que a T3 está aumentada. Crônica (T. Hashimoto) doença autoimune da tiroide, caracterizada por infiltração dos linfócitos e anticorpos autoimunes circulantes.
- Hipotiroidismo: baixa função da tiroide, também é mais comum em mulheres, e existem 2 tipos – primário (mais comum) e secundário.
– Hipotiroidismo primário: 95% dos casos; consiste na produção insuficiente de hormonas tiroidianas; acomete 0,3% a 0,7% da população tendo um aumento da prevalência em idosos;
Diagnóstico clínico: TSH alto e T4 livre baixo;
Causas possíveis: deficiência de iodo na dieta, alterações inflamatórias ou inflamação da tiroide;
– Hipotiroidismo secundário: diminuição da secreção de TSH e, consequentemente, redução na libertação de hormonas tiroidianas; Causa hipofisária por deficiência de TSH.
– Hipotiroidismo subclínico (HSC): concentrações elevadas de TSH com níveis normais de hormonas tiroidianas. Elevada prevalência (estima-se cerca de 4% a 10%, sendo também maior no sexo feminino e em idosos; pode ser associado a diabetes tipo 1 e história de doença autoimune; assintomático ou presença de sintomas leves.
Sinais e sintomas do hipotiroidismo: sensação de frio, fraqueza, diminuição do apetite, depressão, défice de memoria e concentração, queda de cabelo, ganho de peso, palpitações, obstipação, pele seca, palidez, apneia do sono, entre outros.
Gatilhos: stress, envelhecimento, menopausa, gravidez e fatores ambientais (iodo em excesso, medicamentos, infeções, tabagismo…).
Minerais essenciais para a manutenção e regulação hormonal:
– Iodo (auxilia na produção de T4 e T3): é impossível falar de tiroide sem falar do iodo, pois ele é um componente essencial para a síntese de hormonas tiroidianas sendo a necessidade diária ingestão iodo de 150ug (importância acrescida durante a gestação para o desenvolvimento cerebral do feto).
Fontes dietéticas: sal iodado, algas, marisco e frutos do mar.
– Ferro: a deficiência de ferro pode prejudicar a síntese de hormonas da tiroide peça diminuição da disponibilidade do ferro heme, causando uma hipofunção da tiroide. Fontes: carne, peixe, ovos, leguminosas, vegetais verdes-escuros, spirulina…;
– Selénio: a deficiência de selénio compromete a capacidade de conversão de T3 em T4. Estudos relatam benefícios do tratamento com selénio na tiroidite de Hashimoto e na doença de Graves. Dose diária ajustada ao paciente. Fontes: castanha do Pará/ Brasil.
– Vitamina E: tem efeito sinérgico com o selénio, sendo melhor tomar os dois juntos. D-alfa tocoferol é a forma natural de vitamina E e com melhor disponibilidade.
– Zinco: zinco e selénio agem como cofatores nas reações de deiodinação do T4 em hormona ativa. É importante suplementar sempre cobre junto à suplementação de zinco para prevenir o esgotamento de cobre. Fontes alimentares: leguminosas (sempre demolhadas para reduzir a concentração de fitatos), e castanhas de caju e do Brasil.
– Vitamina D: deficiência relacionada com tiroidite de Hashimoto. Importante para estabelecer o equilíbrio imunológico e evitar a produção excessiva de autoanticorpos. É considerada uma pró-hormona, com atividade antiproliferativa, de diferenciação, imunossupressora e imunomoduladora. É muito importante durante e depois do tratamento de alterações da tiroide.
Fonte: sol;
Fontes alimentares: ovos, produtos lácteos;
– Orientações nutricionais:
- Evitar alimentos bociogênicos crus (ex.: brócolos, couve-flor, couve-de-bruxelas, couve- manteiga, nabo, rabanete, repolho, alho e cebola) ou que contenham isoflavonas em grandes quantidades (ex.: soja);
- Repolho, nabo, couve e soja podem inibir a captação de iodo pela tiroide, não os consuma diariamente, limite o seu consumo para 1-2 vezes na semana.
- Aumentar o consumo de alimentos ricos em zinco (feijão frade, lentilhas, caju, nozes e castanha do Brasil) e alimentos ricos em selénio (castanha do brasil, dose diária recomendada: 2 por dia);
- Interação fármaco-nutriente: Levotiroxina (eutirox) não deve ser ingerida junto às refeições (a presença de alimentos interfere na absorção do medicamento);
- Suplementação individualizada (Ferro (blisglicinato), Zinco (quelado), Selenometionina, Cobre (quelado), Manganês (quelado), Tiamina, Riboflavina, Nicotinamida, Kelp Iodine, Vitamina D3, Mio-inositol…).
– Glúten:
- Alguns autores observaram que a dieta sem glúten pode reverter a anormalidade de pessoas com hipotiroidismo subclínico, no entanto ainda falta evidência a respeito da orientação de dieta isenta de glúten como forma de prevenção de Hashimoto e hipotireoidismo.
- Em caso de doença autoimune diagnostica recomendo dieta de exclusão de glúten durante 3 meses, avaliar os resultados e discutir uma possível reintrodução ou não.